Nada na espiritualidade é
aleatório e não seria diferente quando se trata de guias. Os guias de Aruanda,
especificamente, possuem por de trás de cada detalhe um fundamento e é isso que
iremos explanar a seguir. Antes, porém, entenderemos resumidamente o que se
entende por Aruanda. No plano astral,
cada linha ou segmento espiritual ou religioso possui um local correspondente
paralelo. Exemplificativamente, temos muito conhecido no Brasil o Nosso Lar,
paralelo do espiritismo kardecista no plano astral. Aruanda é o correspondente
da umbanda. Esse nome, originalmente, era Luanda, capital da Angola, local para
o qual muitos escravos pretendiam voltar ainda em vida. Essa cidade foi o maior
porto de comércio escravagista da África portuguesa. Com as mutações da
linguagem e o renascimento de cultos de matriz africana, Luanda tornou-se
Aruanda e representa o local de morada e acolhimento dos espíritos amparados
pelas Leis da Umbanda, por ter sido símbolo de liberdade, de retorno à terra
natal.
Passemos
agora às considerações sobre os guias. Inicialmente, devemos ter em mente que
um Orixá não é uma entidade guia. Um Orixá é uma deidade, uma manifestação do
divino que nunca teve uma encarnação e não é humana. Sua representação
imagética semelhante ao homem se faz para melhor compreendermos seus aspectos
arquetípicos e assimilarmos melhor parte de seu conhecimento. Um orixá estará
presente na coroa da pessoa, não sendo assim exatamente um mentor. Por hora,
muito simplificadamente, podemos considera-los como vibrações divinas originais
que atuam em campos determinados no divino, chamados de Tronos, cada um com
suas propriedades e assentamentos. Dentro desses tronos, existem
entrecruzamentos e orixás menores. Um orixá menor é um chefe de legião ou de
falange. Importante ressaltar que as definições de orixás variam de culto para
culto, mas é consenso que eles sejam deuses e não espíritos com encarnações
prévias.
Dentro
da cadeia de guias, existem graus, linhas e dentro das linhas existem legiões, falanges, sub falanges, agrupamentos, etc. Esse conceito de hierarquia é muito definido e
presente no desenvolvimento da organização espiritual e cada espírito responde
em subordinação ao seu superior. As últimas divisões são os guias e protetores.
O que vai nos indicar a qual lugar dentro dessa cadeia uma entidade pertence é
o nome pela qual ela se apresenta e também o que ela mesma explica. Podemos entender a qual lugar pertence uma
entidade quando seu nome é simbolizador. Quando o nome é ocultador, possui um
mistério que só será revelado pela própria entidade em momento oportuno.
Um
nome simbolizador é aquele que indica, através dos símbolos, alguma coisa a
respeito daquele guia. Exu Tranca Ruas, por exemplo, já nos indica que é uma
entidade do grau dos Exus que trabalha na linha à esquerda de Ogum, pois o ato
de trancar rua é fechar um caminho, vibração relacionada a esse Orixá. Todo grau
Exu responde à Ogum, mas não necessariamente trabalham na vibração desse orixá.
Um Exu do Lodo, por sua vez, seria do
grau Exu e por isso responde a Ogum, mas trabalha na linha de Nanã. Sua falange
é do Lodo, e dentro dela existem vários Exus do Lodo. No nome simbolizador, algum símbolo, elemento,
cor, local, fará a função de indicar seu posicionamento. Uma cabocla Estrela do
Mar, nesse sentido, responde á Oxóssi por ser do grau caboclo mas trabalha na
linha de Yemanjá.
No
nome ocultador, só saberemos a função de trabalho da entidade se ela mesma
indicar. Como exemplo, temos muitos nomes de preto velhos que, apesar de
comuns, são próprios. Pai Joaquim, Benedito, Vovó Maria, etc. Nesse sentido, os
nomes dos guias não são necessariamente os de alguma encarnação, e não são
escolhidos sem propósito. Eles são uma identidade espiritual que vai muito além
da individualidade daquele espírito. Mesmo os nomes comuns e próprios tem um
por quê e nos indicam a humildade de um espírito que abriu mão de ter um Eu
consolidado no nome, fugindo a qualquer egolatria e se identificando da forma
mais simples possível e, por isso mesmo, sendo geralmente de guias de vibração
muitíssimo elevada.
Todo
grau de entidades possui um mistério e uma razão de ser, indo além da
compreensão humana. Apesar disso, podemos ressaltar alguns pontos pacíficos nos
tipos de trabalho. Sabemos, por exemplo, que o grau dos erês não
necessariamente é formado por crianças que desencarnaram (apesar de isso não ser
impossível) mas por espíritos que trabalham com questões de inocência, pureza,
renovação, curiosidade, cura de emoções antigas e tudo relacionado à criança.
De forma lúdica, muitos ensinamentos são passados assim.
Quando
da incorporação, cada grau vai irradiar um tipo de energia no médium que
incorpora, além do trabalho para com terceiros. É muito comum a mulher que
incorpora de forma alinhada sua pomba gira sentir-se muito bem posteriormente,
com a energia renovada e vitalidade aguçada. Todos os guias e mentores de uma
pessoa são exatamente os melhores que ela precisa para sua evolução e,
consequentemente, são determinados pela composição dos orixás de sua coroa. Isso
não significa que uma pessoa irá se limitar aos seus guias mais próximos.
Dentro do polimatismo, é possível haver contato não apenas com seus próprios
guias, mas com todos os guias necessários em algum momento para um trabalho.
A
confiança na inteligência maior do Pai Divino é essencial para entendermos que
ele nos envia exatamente aquilo que precisamos, no momento que precisamos e da
forma como precisamos para nossa evolução. Assim é com os guias de aruanda.
Axé!