- Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Deusa. Embora seja comum a associação entre rios e deuses femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão de todos os rios. Seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantes lodosas são destinadas a Nanã Buruku e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde recebe suas oferendas e rituais votivos.
- Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, assim como Yemanjá e Oxalá. É a ela que as mulheres que querem engravidar se dirigem. Certa confusão pode se fazer visto que tanto Yemanjá quanto Oxum detém de certa forma o poder da maternidade, mas certa diferença existe e para isso se faz necessária certa explicação.
- Os orixás representam, estilizadamente, as relações estabelecidas entre os próprios seres humanos. São uma espécie de codificação dos valores morais, dos códigos de comportamento, das relações aprovadas e sancionadas pela comunidade, contendo em seus mitos o código dos padrões a serem assumidos, das funções sociais a serem desempenhadas pelos homens, a saber: Ogum – guerreiro e especialista no desenvolvimento da tecnologia, a partir do domínio da metalurgia; Oxóssi – a caça e por extensão a alimentação; Ossaim – a liturgia, a presença constante em todos os rituais da aldeia; Xangô – o exercício da justiça e do poder institucionalizado, etc. Dentro desta perspectiva , Yemanjá e Oxum dividem a maternidade. Só que em faixas etárias diferentes. Neste novo contexto, temos Ogum, Oxóssi e Exu como representantes do jovem adulto, guerreiro, intempestivo (e bem humorado, com exceção de Oxóssi), que se relaciona de forma um pouco brutal com as mulheres. Já em Xangô o homem adulto e maduro, cujo temperamento forte já foi um pouco aplacado pelo senso de justiça.Finalmente temos Oxalá, a figura do patriarca ancestral e venerando, do velho que já viu tudo, que se baseia no enorme conhecimento empírico da História e do comportamento humano. Para Oxum, então, ficou reservado o posto da Jovem Mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo que é cheia de paixão e busca objetividade e prazer. Oxum também tem como um dos seus domínios a atividade sexual e a sensualidade em si. Além disso é ambiciosa, sua cor é o Amarelo-ouro. Popularmente se associa Oxum ao ouro por ser o metal mais caro que se conhece, mas na África seu metal é o cobre, que era o metal mais popular daquela região. Oxum, portanto gosta do dinheiro e do luxo, mas não como formas de mesquinhez, geralmente se adapta a ela o ditado: “Ganho o dinheiro, mais o dinheiro não me ganha!”. Certas pesquisas trazem o amarelo no sentido da fecundidade e não da riqueza, já que amarelo é a cor da gema do ovo (que está presente em quase todas as comidas desta Orixá). Oxum é a alegria do sangue das mulheres fecundas. Até mesmo Oxalá teve que se curvar a seu poder. Conta uma lenda que existia uma Sacerdotisa, de nome OmoOsun (filha de Oxum), que era encarregada de cuidar dos paramentos de Oxalá. Havia muitas mulheres com inveja dela que, para criar caso, jogaram a Coroa de Oxalá no rioa. OmoOsun conseguiu encontrá-la na barriga de um peixe. Suas rivais fizeram um grande feitiço e no meio da festa na hora em que deveria levantar-se para saudar Oxalá, ela não conseguiu. Seu corpo aderira ao assento. A sacerdotisa fez tanta força que acabou se levantando, mas parte de seu corpo ficou na cadeira. O sangue jorrou, manchando os paramentos de Oxalá. O vermelho é um dos tabus ou quizilas do Grande Deus da Cor Branca, que se mostrou extremamente irritado, e OmoOsun, envergonhada fugiu. Todos os orixás fecharam-lhe as portas. Somente Oxum a acolheu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio, pássaro de Oxum chamado Odidé. Os orixás sabendo da narrativa, foram até a Deusa das Águas Doces. O último foi Oxalá, que em sinal de respeito e submissão ao poder feminino, prostrou-se aos seus pés. Colocou na testa dela uma pema vernelha e declarou que as iaôs que não usarem ecodilé (penas de papagaio) não serão reconhecidas iaôs. Por isso que as noviças no fim da iniciação, usam uma pena vermelha. Existem vários tipos de Oxum, e dizem que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre as várias existem três que são marcadas como guerreiras (Apará, a mais violenta, IêIê Kerê, que usa o Ofá de Oxóssi e caça ao lado dele nas matas e IêIê Apondá, que usa uma espada), mas em geral são são pacíficas não gostando de lutas e guerras, como Obotó, Abalô e Bauila, a menina dos olhos do velho Oxalufã. Sendo a mais bela das Orixás, é considerada a Deusa da beleza, e também a deusa das artes e de tudo onde a estética seja importante. Tudo o que é feminino é atribuído a Oxum: a denguice, o disfarçar de uma inteligência viva numa aparente visão sonsa e despreocupada do mundo, e também a magia. A ela são atribuídos poderes de feiticeira, de facilidade de comunicação entre ela e os que possuem esse tipo de poder. Nos assentamentos de Oxum, além das quartinhas, pratos, vasilhas com água , que são comum a todos os orixás, costuma haver flores, perfumes e até bonecas. É sem dúvida a figura do Panteão Africano que menos é dada a explosões temperamentais. Costuma usar a força dos outros orixá contra eles mesmos. Por mais que Iansã seja a companheira que luta ao lado do companheiro, não há dúvidas de que Oxum é a preferida. Ela é o repuso do Guerreiro, habilidosa nas artes eróticas. Sua dança sensual, as vezes representa a descida perto da fonte, o banho, o prazer de ser bonita e desejada. Oxum é aquela que sempre esconde o jogo, o rio cujos movimentos só podem ser conhecidos se nele mergulharmos.
- Dia da semana: sábado
- Cores: amarelo-ouro
- Número: 5
- Símbolo: Abebê (espelho)
- Comida (adimu): Ipetê (feijão fradinho com camarão) Saudação: Ora ieieu, Oxum!
- Folhas (ewe): oriri, colônia, folha régia.